O ativismo e insurgências são caminhos construídos no diálogo entre a materialidade e a potencialidade das existências. Diálogo inclusive conflituoso, uma vez que a luta se dá pela necessidade de combate das violências das estruturas hegemônicas. Nes-sa entrevista, endereçamos as violências dos discursos hegemônicos colonial cristão branco monogâmico cisheteronormativo. Geni Núñez nos aponta como a categori-zação binária da vida opera como um epistemicídio, etnocídio e genocídio de modos de vida outros. No Brasil, essas categorias, intrinsecamente cristãs, geraram o apaga-mento físico e simbólico dos povos indígenas em sua multiplicidade de etnias, mo-dos de vida e pensamento. Esse etnocídio está intimamente conectado à perda dos territórios e à imposição de um antropocentrismo. Para a ativista guarani, não basta descolonizarmos o pensamento e as relações sociais e econômicas, tentando reparar e ajustar essas estruturas. É preciso ir além dos binarismos violentos da colonialidade e questionar a própria materialidade dessas categorias que nos separam em homens/mulheres, homo/hétero, branco/negro/pardo, humanidade/natureza. A luta, portanto, deve ser anticolonial. Ao invés de buscarmos respostas reparadoras, recusar as pró-prias perguntas como lugar de enunciação. Romper com essas amarras da mono-cultura do pensamento monogâmico cristão colonial, nos permite reflorestar o nosso imaginário, traçando relações afetivas, sexuais e sociais que respeitem a autonomia de todes