A participação política das mulheres tem sido uma prioridade na agenda dos Movimentos das Mulheres. Mas o discurso predominante sobre a participação política e a igualdade de género centrase demasiadas vezes em levar os corpos das mulheres a cargos políticos. Confia-se que a participação formal ou numérica nas instituições estatais conduza automaticamente à representação substantiva de interesses e ao aprofundamento da democracia. Contudo, não se tem em conta a necessidade de aprendizagem política e de organização das comunidades de interesses. As exigências políticas são construídas colectivamente, são criadas alianças, as coligações são formadas e as tácticas de envolvimento são partilhadas. Este artigo oferece uma visão abrangente da participação política das mulheres para além da representação formal e discute os obstáculos para uma representação substantiva das mulheres e das agendas feministas na arena política. Inspira-se nas discussões do Grupo Africano Feminista de Reflexão e Acção e destaca os pré-requisitos para a organização feminista e a redefinição de como podem ser criados espaços democráticos inclusivos.