Com o avanço das redes sociais, as formas de comunicação de massa e intrapessoais sofreram profundas mudanças nas duas últimas décadas, tendo impacto crescente no debate político dos anos recentes. Mudou não apenas a forma como as pessoas se comunicam, mas também, como os atores políticos interagem com seu público. A quantidade de informação disponível para acúmulo, a capacidade de armazenamento, processamento, a análise semântica (por máquinas que aprendem a fazer isso cada vez melhor) e a elaboração de respostas e mensagens específicas, até alcançarem a segmentação individual, só avançam. O monitoramento de opiniões expressas online permitiu a publicitários mobilizarem ações e paixões em torno de temas extremos, em especial em torno de violência urbana, usando de declarações pesadas para direcionar e inflamar o debate em torno de seu candidato, pelo ultraje público simultâneo ao endosso privado de partes significativas da população em uma eleição polarizada. O debate em redes digitais talvez permite deslocar ainda mais o debate político da percepção de um espaço coletivo, público, compartilhado de uma sociedade nacional, na direção de algo muito mais individualizado, fragmentado e menos racional.